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Para viver de arte tem que se graduar



Nos últimos dois anos, cinco cursos universitários foram lançados no Recife, todos ligados à arte. Cada vez mais surgem novos nichos neste campo O curador de arte Moacir dos Anjos, em um dos seus textos críticos, intitulado Desafios para os Museus de Arte no Mundo Contemporâneo, defende que as instituições pernambucanas ligadas às artes devem criar uma identidade local para não se tornarem reféns de produtos vindos de outras localidades. E para formar esse grupo, ele afirma: “É preciso pensar em estratégias voltadas à profissionalização das instituições, pois sem profissionais competentes nas áreas de curadoria, museologia, montagem, educação e captação de recursos dificilmente as instituições vão poder escapar do circuito de exposições imposto pelos patrocinadores. E esse é um grande desafio”. Desafio que está influenciando o sistema de ensino superior. Nos últimos dois anos, cinco novos cursos universitários foram lançados no Recife, todos ligados à arte: cinema de animação e artes plásticas nas Faculdades Integradas Barros Melo (Aeso), cinema, dança e museologia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e cinema digital na Faculdade Maurício de Nassau. De acordo com a curadora, diretora do Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães e coordenadora do curso de artes plásticas da Aeso, Cristiana Tejo, o mercado nacional está aquecido e com boa atuação no exterior, e Pernambuco vive um momento de boom artístico, com novos museus e instituições culturais que, junto à onda de profissionalização do País, está mudando o cenário das profissões ligadas à arte no Estado. “As pessoas precisam prestar atenção nos novos nichos que devem surgir nesse campo, em suas diversas linguagens. A idéia do artista autodidata está superada, esse profissional hoje faz parte de uma cadeia e precisa se preparar”, completa. A grade curricular do curso de artes plásticas ensina desde curadoria, design de montagem, elementos museográficos, aspectos técnicos e práticos de pintura, desenho, gravura, cerâmica e visão de mercado, principalmente, da realidade pernambucana. MUSEOLOGIA Na UFPE, o curso de bacharel em museologia, que começa a valer a partir do vestibular 2009, oferece disciplinas na área de preservação do Patrimônio Cultural e Natural e prepara o aluno para organização de coleções e exposições, preservação e conservação de bens culturais, administração e planejamento de museus e centros culturais. No mesmo período começam a valer também os cursos de licenciatura em dança, que tem como objetivo desenvolver competências críticas, metodológicas e criativa voltados, principalmente, para o campo de ensino da dança. E o de bacharelado em cinema, com disciplinas em direção, fotografia, roteiro, produção, som, edição, montagem, cenografia, figurino, animação e infografia, elaboração de projetos de produção em diferentes gêneros e formatos. TECNOLOGIA Como não poderia ficar de fora, a tecnologia também entra nessa gama de cursos, como uma aliada para a sétima arte, como é o caso do curso de cinema de animação. “O profissional de animação tem como ferramenta a criatividade que se desenvolve com a prática de uma série de técnicas importantes para tornar o trabalho mais sofisticado. Arte e tecnologia, é esta a natureza do curso”, explica o coordenador do curso de cinema de animação da Aeso, Pedro Severien. Segundo ele, além do cinema, o curso habilita para atividades como produção de conteúdo para games (jogos) e publicidade. Os alunos contam com o Estúdio de Animação, montado antes de criar o curso, onde já foram produzidos projetos desde o início do ano, inclusive um deles foi indicado para premiação. Já o de cinema digital, na Faculdade Maurício de Nassau, é um curso com a grade de disciplinas do ciclo básico igual aos demais cursos de comunicação social e visa discutir a convergência digital e os desafios para entrar no mercado. “Os alunos aprendem a trabalhar em toda a linha de produção cinematográfica e também como conseguir incentivos dos programas culturais do governo”, afirma o coordenador do curso, Luís Maranhão. Para os alunos, os novos cursos são uma oportunidade de unir profissionalismo à paixão pela arte. “Comecei o curso de publicidade, mas não me identifiquei, pois sempre gostei de desenhar e sou fascinada por animação. Então para mim foi perfeito, espero que mais ações de incentivo venham para o Estado”, afirma Ianah Maia, aluna do curso de cinema de animação e que teve um dos seus trabalhos acadêmicos finalista em festival nacional de curtas.

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