Clipagens

La Greca por trás das lentes



O acervo deixado pelo artista plástico Murillo La Greca (1899-1985) ficou durante muito tempo entregue ao mofo e à poeira. Nos últimos anos, no entanto, pesquisas no museu que leva seu nome revelaram que há muito a se explorar nesse universo aparentemente irrisório. Se até agora as pinturas e os desenhos foram protagonistas dessas redescobertas, desta vez outro lado do legado do artista vem à tona: o fotográfico, que pode ser conferido a partir de hoje com a abertura da mostra Coleção Vicente Murillo La Greca de Fotografia, às 20h. Imagens pessoais, negativos em vidro, papéis fotossensíveis e uma câmera de grande formato são alguns dos “achados” exibidos na exposição, cuja importância se dá mais no nível histórico e afetivo do que no estético. “Não fiz o trabalho para provar que Murillo era um fotógrafo entre grandes nomes do País. Ele era um fotógrafo amador, no sentido de que amava o que fazia, tinha interesse”, explica a pesquisadora Camila Targino, curadora do evento e autora do texto do catálogo que também é lançado (e distribuído) na noite de hoje. Mestre em comunicação social pela UFPE, Camila Targino é fascinada pela fotografia do século 19, particularmente por estudar a história das tecnologias do fotossensível. Foi por isso que o Museu Murillo La Greca a convidou para fazer um mergulho na herança deixada pelo ítalo-pernambucano, que traz rastros da era inicial da fotografia, apesar de concentrar mais o século 20. Para ela, os objetos encontrados dão pistas da transição entre o processo artesanal e o industrial da fotografia. “É por isso que o acervo é importante. Não é qualquer um, por exemplo, que tem negativos em vidro (anterior à película)”, ressalta Camila. Raro também é o estereoscópio de 1906, instrumento binocular do século 19 usado para visualizar imagens registradas por meio de estereoscopia, que permite ver a foto com profundidade, em terceira dimensão. Conhecido como lanterna mágica, pode ser visto na mostra. As fotografias escolhidas datam das décadas de 20, 30 e 40, e estão divididas por temas: paisagem, etnografia e família. O museu fica na Rua Leonardo Cavalcanti, 366, Parnamirim. Fone: 3232-4276. FUNDAJ Hoje também tem início o workshop Uma História da Arte de Pernambuco?, promovido pela Fundação Joaquim Nabuco até quinta, sempre a partir das 19h, na Sala Aloísio Magalhães. A programação traz Felipe Chaimovich (SP), hoje, Marisa Mokarzel (PA) e Joana d’Arc Lima (PE), amanhã, e Glória Ferreira(RJ) e Madalena Zaccara (PE) no último dia. O objetivo é formar um grupo de pesquisa sobre a produção pernambucana do século 20. As inscrições são gratuitas e abertas a quaisquer interessados. Podem ser feitas hoje no local (Rua Henrique Dias, 609), a partir das 18h.

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