Crianças mais expostas às tentações
O pedido de uma criança é sempre difícil de recusar. Diante do  bombardeio de propagandas, do consumo desenfreado e da pluralidade de  brinquedos que viram objetos de desejo, os pequenos ficam cada dia mais  expostos às tentações. No entanto, a vontade do ter não atinge  exclusivamente os pequenos, afinal, são os pais ou familiares que podem,  ou não, dar vazão ao consumismo infantil. Por isso é imprescindível que  eles assumam um papel fundamental: educar financeiramente e estimular o  consumo consciente.
 
 “É natural que ela queira comprar muitas coisas, pois recebe uma  quantidade maior de informação sobre temas da sua geração. Mas, quando  percebo que ela não está precisando daquilo, procuramos sempre  conversar”, afirma a gerente de Vendas e mãe de Maria Vitória, de 9  anos, Renata Vieira.
 
 Para Renata, é importante estimular a criança a lidar com o próprio  orçamento. “Ela ganha uma mesada semanal de R$ 15. Na semana em que ela  recebe o boletim, se as notas forem iguais ou superiores a 8, dobramos o  valor do mês, ou seja, ela passa a ganhar R$ 60”, diz. Ela ressalta  ainda que, “quando ela pede alguma coisa, sempre procuramos nos  perguntar se é preciso comprar no momento”.
 
 De acordo com a coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda da  Aeso Barros Melo, Izabela Domingues, o marketing é uma ferramenta  utilizada pelas empresas para estimular as crianças. “Elas sempre vão  tornar os brinquedos mais acessíveis para as crianças e isso poderá ser  feito através de embalagens atrativas ou de propagandas com as  celebridades da geração”, informa. Segundo ela, o diálogo sempre é a  melhor alternativa. “Os pais devem perceber o que é útil para a criança.  A relevância da compra deve ser analisada em parceria”, orienta a  coordenadora.
 
 Já para a cabeleireira Lucelma Sampaio - avó de Maria Luiza, de 8 anos  -, os limites devem ser colocados em prática, mas, em alguns momentos,  não dá para recusar o pedido. “Ela sempre quer comer o sanduíche para  ganhar o brinde. Ela sempre pede todas as vezes que vê, mas, como isso  vem se tornando recorrente, percebo que a compra não vale à pena”,  garante Lucelma. Os gastos de uma saída com a neta chegam a custar R$  60. A especialista em Educação Financeira Cássia D’aquino diz que o  limite dado à criança hoje pode torná-la em um adulto melhor. “Elas têm  que entender que existem outras despesas. Não é uma questão de ter ou  não dinheiro, e sim de comprar apenas o necessário”.
 
          