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Bienal de Havana consagra obra de Bruscky



Paulo Bruscky é o tipo da pessoa que se sente em casa em qualquer lugar. Organizar seus trabalhos em ordem cronológica também é algo que está longe de preocupá-lo. O que o artista, prestes a completar 60 anos, não tolera é a simples ideia de cessar sua produção. "Meu trabalho vai contra o sistema de arte, não é fácil de ser consumido. Sou o cara mais desfocado que conheço, pois atuo em muitas frentes. Sou contemporâneo de mim mesmo", afirma Bruscky, que leva para a 10ª Bienal de Havana, em Cuba, a partir do dia 27 de março, uma retrospectiva de 40 anos de sua trajetória dentro das artes visuais (o tema geral do evento é Resistência e integração na era global). Esta é a segunda participação de Bruscky na Bienal cubana, que existe há 25 anos e é considerada uma das mais prestigiadas do circuito de artes internacional. Serão mais de 200 artistas, de 44 países. Apenas doze são brasileiros e somente o pernambucano terá direito a uma sala especial, que se propõe a traçar um panorama de sua carreira, reunindo mais de 150 obras. Bruscky também já integrou a Bienal de Veneza. Exemplares de arte correio, xerografia, poema processo/ poesia visual, fax arte, fotolinguagem, intervenção urbana, livro de artista e videoarte (incluindo documentários sobre o artista feitos para TV) fazem parte do vasto acervo, en que novos elementos foram acrescentados. "Fico muito feliz por trazer à tona trabalhos novos de Paulo Bruscky, que realiza uma arte efêmera, que não visa o espaço expositivo, e sim o mundo. A partir de 2001, ele começa a consolidar este reconhecimento, de modo individual, e reforçado por fazer parte de um grupo de artistas marginalizados na América Latina, nas décadas de 1980 e 1990", coloca a curadora Cristiana Tejo. Em diálogo com o criador há uma década, Cristiana Tejo também é autora do livro Paulo Bruscky: Arte em todos os sentidos, que será lançado em Havana, e posteriormente no Recife, com uma palestra/ workshop, já que a exposição internacionalcorresponde a uma ação especial do 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco. Por isso, a Fundarpe é uma das principais apoiadoras do projeto, que também contou com os patrocínios da Cepe, Secretaria da Casa Civil e Ministério da Cultura/Funarte, totalizando R$ 240 mil. O livro é trilíngue (inglês/ português/ espanhol), com 120 páginas. A sala especial onde serão montadas as obras do artista fica em um lugar tão singular quanto sua produção. Trata-se da Galeria Rubén Martínez Villena, situada dentro de uma biblioteca pública, em frente à Plaza das Armas, um ponto de venda de livros usados. "A parte de poesia visual, em que estão mais presentes questões sociais, políticas, econômicas, recebeu uma atenção especial na montagem, pois traçamos um paralelo com a luta na América Latina", esclarece Cristiana. "Estamos levando de ferramentas a equipamentos eletrônicos. As TVs de LCD para passar os vídeos, o mobiliário, tudo isso fica lá. Não podemos esquecer de levar um prego sequer, porque nos responsabilizamos portoda a montagem", conta Bruscky, que irá doar três obras para Cuba, país que admira e onde só esteve pessoalmente em 1985, durante um vôo de solidariedade no qual se engajou. "Cuba é um país que admiro. É o único que tem um governante que ainda governa", opina o sempre polêmico Bruscky.

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